Quantas vezes tentamos entender por conta própria, porque agimos de uma determinada maneira? Quantas vezes tentamos desvendar por que nos encontramos repetidamente em situações que juramos nunca mais passar? Quantas vezes, apesar de toda nossa determinação em analisar nossas ações, seguimos sem conseguir ter a mínima ideia do porquê agimos de certa forma?
Quando percebemos que nossa opinião, que nos é tão cara, não nos tira dos lugares, os quais não queremos mais estar, começamos a suspeitar que é bem provável, que nossa razão, por mais bem intencionada que seja, possa não ter sido somente cúmplice em nos colocar em determinadas situações, mas também ser um dos motivos pelos quais ainda nos mantemos lá; mesmo que isso não faça o menor sentido.
Qualquer um que sinceramente já tenha tentado se autoanalisar chega, surpreendente, a mesma conclusão: existem situações na vida que nos mostram que nem sempre podemos dar conta de tudo sozinhos e a análise é uma delas, pois não se realiza sem outra pessoa. Sendo assim podemos perceber algo que antes ainda não podíamos: a via de acesso às ideias e atos, que insistem em nos escapar é a fala. É falando que formamos os caminhos pelos quais os sentidos se apresentam, um a um, na experiência com o outro. Diante disso, compreendemos que não estamos ainda na linha de chegada, mas no ponto de partida. Estaremos prestes a iniciar nosso percurso quando estivermos dispostos a fazer a seguinte pergunta: se não só a mim mesmo, a quem dirigir minha fala?
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