Algumas vivências podemos expressar com relativa facilidade ou até mesmo com prazer. Se imagine contando um filme que gostou ou um encontro há muito esperado e que finalmente aconteceu. ​Outras vivências não podemos falar com tanta fluidez e não é porque elas tenham sido vividas com menos intensidade, muito antes pelo contrário, algumas experiências têm um impacto tão grande que mal conseguimos registrar, quanto mais expressar.

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Ao se cogitar um processo analítico, não se pretende iniciar uma investigação de fatos, esperamos ser amparados por alguém que esteja preparado para a escuta. Para isto não basta a intenção, é preciso investimento. Isso significa investimento no próprio processo analítico, que constrói internamente um lugar para a escuta. Além disso, também cabe ao profissional o investimento, bem como a dedicação, ao estudo teórico e a supervisão, que o ampara a escuta.

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Algo que nem sempre pensamos é que na medida em que falamos, também ouvimos nossa própria voz, nossa viva emoção. Se dar conta disso pode assustar, afinal, não se busca um profissional, justamente para que a dor tenha um remetente? Temos aí duas verdades em uma, ao estarmos presentes na presença do outro, podemos ir integrando as experiências, mesmo as que ainda não tenham ao menos um simples traço, um simples marco que indique seu lugar. Vale a lembrança: o efeito de um processo analítico é imediato, ao falarmos também nos ouvimos, mas já não estamos mais sós.

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